segunda-feira, 19 de março de 2012

Algumas diferenças entre o café arábica e o café robusta (Some differences between coffee Arabica and robusta coffee)



O café é originário da África, sendo que as duas espécies mais plantadas no mundo são a Coffea arábica e a Coffea canephora. A primeira é originária das regiões altas da Etiópia e a segunda da densa floresta tropical que se desenvolveu na bacia do rio Congo. A variedade conilon, da espécie C. canephora, foi observada em estado selvagem junto ao ribeirão Kouillou, na bacia do rio Congo. A distribuição geo-evolutiva das duas espécies mostra claramente o porquê do café arábica ser apto para plantio em regiões altas e de temperaturas amenas, e o café conilon para plantio em regiões baixas e quentes. Dessa forma, o processo evolutivo gerou plantas diferentes, seja em relação a características estruturais, fisiológicas ou nutricionais.

A eficiência de absorção de nutrientes pelas raízes é uma característica determinada geneticamente. Assim, entre os cafés arábica e conilon, a eficiência de absorção de nutrientes será diferenciada.

A demanda nutricional, gerada pela colheita, nos dois casos, será relevante para a definição de doses adequadas de macronutrientes, especialmente para o conilon, sendo estas altamente influenciadas pela carga pendente. Esse fato pode explicar as elevadas doses de N e K recomendadas para o café conilon, para uma produtividade superior a 170 sacas/ha.

Para um mesmo patamar de produtividade, entretanto, as doses de NPK recomendadas para o café conilon são menores do que as recomendadas para o arábica. O café conilon possui sistema radicular mais desenvolvido do que o arábica, acarretando maior aproveitamento dos fertilizantes aplicados e, consequentemente, menores doses para uma mesma produtividade. A menor exigência do café conilon, para uma mesma produtividade, não está ligada à extensão de seu sistema radicular, que muitas vezes é menor ou semelhante ao do arábica, mas sim, ao fato do café conilon apresentar, para alguns nutrientes, alta taxa de absorção por unidade de comprimento radicular (eficiência de absorção) e, para outros, maior eficiência de utilização.

Considerando os micronutrientes, o café arábica apresenta maior acúmulo de Fe e Mn na parte aérea do que o café conilon. B, Zn e Cu são acumulados em quantidades equivalentes, mesmo que ocorram pequenas diferenças e o conilon acumule mais Zn do que Cu e o arábica justamente o contrário.

No caso do Mn, há uma seletividade comprovada do sistema radicular do café conilon em relação a este micronutriente. Tal observação é consistente com o fato de que a espécie C. canephora é muito mais sensível à toxicidade de manganês, apresentando nível crítico do elemento nas folhas bem menor do que C. arábica . Esta seletividade ou menor eficiência de absorção é responsável pela constante observação em campo de deficiência de Mn no café conilon. Portanto, em café conilon, a adubação com Mn carece de maior atenção do que no café arábica, pois apresenta extremos de deficiência e toxidez muito próximos.



Para o Fe, o elevado acúmulo na parte aérea do café arábica não refletiria uma maior necessidade fisiológica da planta, mas sim uma excessiva deposição desse elemento no tronco e nos ramos, uma vez que os teores foliares adequados de Fe nos dois cafés apresentam magnitudes muito semelhantes.

O café conilon apresenta, ainda, menor tolerância a teores tóxicos de Al3+ no solo, baixa eficiência de absorção e utilização de Mg, e é bem mais exigente em Ca do que o café arábica. A deficiência de Mg é a mais frequentemente observada em lavouras de café conilon, especialmente em regiões com solo de textura média a arenosa.

A partir dessas constatações, é fácil presumir que a prática da calagem seja ainda mais importante para o café conilon do que para o café arábica, não só por neutralizar o Al3+, que pode atingir mais facilmente teores tóxicos, mas, principalmente, para fornecer Ca e Mg às plantas, e em maiores quantidades. Nesse sentido, cabe questionar o valor da saturação por bases (V) adotada para o café conilon (60 %) e também a relação Ca:Mg do solo, que deveria ser, nesse caso, mais estreita. Estas são as razões que levam alguns profissionais a sugerir e a adotar, com êxito, valores de V em torno 80 % para o café conilon de altas produtividades, com aplicação de calcário dolomítico e, algumas vezes, com complementação de sulfato ou óxido de magnésio.

Como visto, apesar de ser considerado um café rústico e resistente, ou, como diria meu avô: "selvagem", o conilon necessita de nutrição específica e meticulosa, especialmente se for almejado o alcance de elevadas produtividades.

Coffee originates from Africa, where the two species most planted in the world are Coffea Arabica and Coffea canephora. The first is comes from the Highlands of Ethiopia and the second the dense tropical forest that has developed in the Congo River basin. The variety of species (conilon), c. canephora, was observed in the wild along the Brook Kouillou, in the Congo River basin. The geo-evolution distribution of the two species shows clearly why Arabica be fit for planting in Highlands and mild temperatures, and the coffee (conilon) for planting in lowlands and hot. In this way, the evolutionary process has generated different plants, whether in relation to structural characteristics, nutritional or physiological.

The efficiency of absorption of nutrients by roots is a genetically determined characteristic. Thus, among the Arabica coffees and (conilon), the efficiency of absorption of nutrients will be differentiated.

The nutritional demand generated by the collection, in both cases, it will be important for the definition of appropriate doses of macronutrients, especially for the (conilon), these being highly influenced by the pending charge. This fact might explain the high doses of N and K (conilon), best coffee for a productivity more than 170 bags/ha.


For the same level of productivity, however, the doses recommended of NPK for coffee (conilon) are smaller than those recommended for the Arabian. The coffee (conilon) have more developed root system than the larger use of Arabica, with applied fertilizers and hence smaller doses for the same productivity. The lowest requirement for a coffee (conilon), the same productivity, is not linked to the extension of its root system, which is often less than or similar to that of Arabic, but yes, the fact that the coffee (conilon) produce for some nutrients, high rate of root absorption per unit length (absorption efficiency) and, for others, increased efficiency of use.

Considering the micronutrients, the Arabica coffee has increased accumulation of Fe and Mn in aboveground than coffee (conilon). B, Zn and Cu are accumulated into equivalent quantities, even though small differences occur and accumulate more Zn (conilon) than Cu and the Arabian precisely the opposite.

In the case of Mn, there is a proven selectivity of root system (conilon) coffee in this micro-nutrient. This observation is consistent with the fact that the species c. canephora is much more sensitive to manganese toxicity, showing critical level of the element in the leaves and smaller than c. Arabica. This selectivity or lesser absorption efficiency is responsible for constant observation in the field of disability of Mn in the Cafe (conilon). Therefore, in coffee (conilon), the largest lacks Mn with fertilization attention than the Arabica coffee, because it presents the extremes of disabilities and toxicity very close.



For Fe, the high buildup in aboveground Arabica does not reflect a greater physiological requirement of the plant, but excessive deposition of this element on the trunk and branches, since the foliar contents of Fe in both cafes suitable present magnitudes very similar.

From these findings, it is easy to assume that the practice of setting is even more important for the coffee (conilon) than for the Arabica coffee, not only by neutralizing the Al3 +, which can reach toxic levels more easily, but mainly to provide Ca and Mg on plants, and in larger quantities. In this sense, it is questioning the value of saturation of bases (V) adopted for the coffee (conilon) (60%) and also the ratio Ca: Mg soil, it should be, in this case more closely. These are the reasons why some professionals suggest and adopt, successfully, V values around 80% for coffee (conilon) of high productivity, with application of dolomite limestone and sometimes with supplementation of magnesium oxide or sulphate.

As seen, despite being considered a rustic coffee and tough, or, as my grandfather would say: "wild", (conilon) requires specific nutrition and meticulous, especially if it's targeted range of high productivity.

(Fonte: André Guarçoni)


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